ENTREVISTAS
Colorado entrevista: Ronny Potolski - SASP
Hoje vamos contar um pouco da trajetória de Ronny Potolski, responsável pelo site SASP - Sociedade Amantes do Samba Paulistano, e um dos maiores defensores do Carnaval de São Paulo.
Poucos sabem, mas o Ronny tem uma relação muito especial com nossa Escola. Confira!
Antes das perguntas conta um pouco da sua trajetória no carnaval.....
Oi galera da Colorado do Brás e do samba.
Primeiramente queria agradecer pela honra de dar este depoimento, e contar um pouco de mim, do trabalho e da história feita a frente da SASP.Vou tentar resumir e ser objetivo.
Bem, sempre fui apaixonado por carnaval, desde os 4 anos. O primeiro contato foi vendo desfiles, quando liguei a TV e vi a Estação Primeira entrando na Sapucaí. A partir daí, nunca mais perdi um desfile.
Inicialmente tinha mais contato com o RJ, pelo tamanho da divulgação naquela época. Em São Paulo, tive contatos na época de Tiradentes porque metade da família vem do Bom Retiro, na Rua Prates (grudada na Tiradentes). Comecei a acompanhar mais a fundo com a construção do Anhembi e mais ainda a partir de 95 com o "boom" da Gaviões da Fiel, com aquele sambão. Mas tem um fato interessante - eu passei muito tempo da infância no Guarujá, e lá, conheci a X-9 por causa do carnaval santista que era fortíssimo.
A partir de 94, com a torcida pela X-9 conheci a X-9 Paulistana. Foi nesta escola que estive anos como componente e cheguei a fazer aulas de bateria na época de "beco" (antes da antiga quadra). EM 2005 parei de frequentar a escola (por questões ideologicas na época) como componente e não participei diretamente de mais nenhuma escola pelo fato de estar a frente da SASP de lá em diante. Dei apoio a diversas agremiações, mas sempre nos bastidores, mais na parte de comunicação, cultural e gestão de carnaval.
Aos poucos fui entrando no carnaval a entrei de cabeça mesmo quando tive contato com um dos fundadores da SASP, em 2004 - Luis Vanucci. Foi aí que entrei para a SASP, inicialmente com a proposta de fazer um mega portal com o acervo, notícias, coberturas, enquetes, eliminatórias e tudo o que está até hoje no Portal, que em termos de estrutura e conteúdo é algo monstruoso.
Com a "aposentadoria" dos membros e fundadores da SASP naquele ano, fui assumindo a liderança da SASP até que pude colocar em prática meu perfil e jeito de tratar de forma mais responsável, imparcial e de apoio ao carnaval de nossa cidade pela SASP.
1) Uma particularidade que pouca gente sabe, você tem várias camisetas da Colorado, desde quando você tem essas camisetas e como começou a relação com a Colorado?
É verdade....antes de tudo amo carnaval e todas escolas. Assim como tenho coleção de camisetas de futebol, tenho de escolas de samba e de carnaval. Com a Colorado é um fato diferente em minha vida - foi a primeira escola de samba em São Paulo que tive contato. Este contato não era de frequentar e fazer parte...e sim de ver e saber onde ficava e que existia. Eu tinha cerca de 10 anos, e meu pai tinha uma fábrica de confecção e naquela época ele apostou num grande centro do setor para venda a atacado e varejo, na Vila Guilherme, chamado Mart Center. E o caminho para ir todos os dias (eu amava ir lá e ir nos negócios dele) era passar pela ponte onde ficava a quadra da escola. E para mim, um tabu estava quebrado - eu sabia que escola de samba não era tão longe e impossível de se conhecer. E em mim ficou a imagem da Colorado deste sonho de carnaval. Toda vez que ia com meu pai, já tinha a ansiedade em ver a quadra.
Por isso, sempre tive um carinho com a escola. Ao mesmo tempo, a própria escola sempre me recebeu bem e de alguma forma tentei ajudá-la durante aquele período macabro da escola nos anos 2004 para frente, pela SASP dando conselhos, alguma visão de fora da caixa, e com divulgação indo nos ensaios, festas e eliminatórias. E sempre tive o prazer de ganhar as camisetas da diretoria - e vou te contar - uso constantemente as camisetas (a Colorado teve sua marca vagando pelas ruas americanas, mexicanas e colombianas até....rsrsrsrsrs).
2) O que você tem a dizer sobre a fase que a Colorado viveu dos primeiros anos que você teve contato direto com a escola até os dias atuais?
Olha....período difícil. Mais do que isso era triste. Acho que era essa a palavra. Eu via uma tentativa de algo positivo acontecer mas nada adiantava. Parecia uma nuvem pesada em cima. A escola passava por falta de confiança, sem rumo, sem liderança emocional e organizacional. Cada ano era uma tentativa, mas já parecia que não adiantaria. Não que as pessoas na época não fossem boas, e sim, porque aquele modelo não estava dando e não daria certo - e isso afetou o orgulho, o emocional. Isso fica claro quando tinha festas ou eliminatórias - parecia um encontro de colégio, quando você espera vários amigos e vão alguns que se conta na mão.
A sorte da COlorado é que algumas pessoas daquela época tiveram neste período aprendizado e a visão de tomar a frente, para aplicar um novo modelo de gestão. Foi quando vi um novo período pra escola, e um modelo de gestão que pode ser exemplo para demais agremiações. Foi uma mistura de paixão e razão. O crescimento da escola é proporcional a competencia, visão, ousadia e sobretudo transparência da atual diretoria que viu essa saída para a escola ressurgir aos bons tempos. Os acessos consecutivos e volta ao Acesso e permanência com um desfile digno, objetivo e competitivo mostrou o que é a escola hoje, mesmo com dificuldades financeiras e estruturais.
3) O que você se sentiu ao ver o ressurgimento da Colorado no seu retorno ao grupo de acesso?
Acima de tudo, orgulho. Orgulho em ver que uma escola tão especial para mim e creio que para o samba paulistano estava de volta. Orgulho em ver que meus amigos da escola conseguiram o que muitos achavam impossível. Orgulho em ver que o que penso e entendo como um carnaval atual, sério acima de tudo, pode ser realizado. Orgulho em ver uma comunidade e um bairro retomar seu brilho na cultura carnavalesca.
Acho que a Colorado do Brás é um caso a ser analisado e ser feito de exemplo em São Paulo. Principalmente para agremiações que passam por situações semelhantes que a Colorado passou.
Claro que não é perfeito, e a escola passa por certa dificuldades ou problemas. Mas mesmo asssim, a escola recuperou seu orgulho. E isso é muito importante e são para o Carnaval Paulistano.
4) Como funciona seu trabalho na SASP e quando começou esse projeto que há anos informa e mantém vivo o arquivo do carnaval paulistano?
Bem, meio que já dei um resumo do que é a SASP e do que faço. A SASP na época era apenas um meio de divulgação do nosso carnaval e foi pioneiro - já que procurar informações era bem difícil naquela época. Respeitei o espaço e quem estava na SASP aquela época, mas cheguei com proposta ousadas e com tratamento ao carnaval um pouco diferente do que era aplicado. Acho que, mantendo o conceito, principios, missão e visão da SASP, consegui agregar um novo jeito na cobertura e imprensa no carnaval de SP.
Quando cheguei, levei proposta de além da divulgação tivesse também um forte cunho cultural e social. Cultural com o acervo, que conseguimos catalogar com um sistema que programei para o atual Portal e com o apoio de amigos e do Centro de Documentação da UESP. Viramos "ratos" do Centro de Documentação da UESP...rsrsrsrs. Temos na SASP material desde 1968 a disposição do público e sambistas, sempre tentando inovar e trazer mais conteúdo sempre. Também apoiamos culturamente de forma voluntária a LIGA, UESP, Anhembi, SPTuris, e algumas escolas.
Social no sentido de aumentar a abrangência do carnaval na sociedade paulistana. Acabar com mitos que existem sobre o carnaval e levar mais gente para as quadras, ensaios, desfiles. Com isso, abrimos espaço para muitos e tenho o orgulho em dizer que a SASP de alguma forma formou sambistas por aí: compositores, intérpretes, carnavalescos, enredistas, coreógrafos, diretores de carnaval, mestre-sala e porta-bandeira, diretores de harmonia, mestres de bateria e até presidentes de escolas.
Neste momento, 2014, estamos ampliando projetos e com novas visões e aspirações. E a SASP sempre está aberta a quem quiser ajudar. Sempre !!! Em breve as novidades que projetamos serão divulgadas na SASP e espero que a SASP continue sendo um dos principais meios de divulgação e formação carnavalesca. Somos um celeiro de idéias, mas admito que executar é complicado. Isso porque envolvem recursos e ter recursos não é fácil para nossa sociedade.
Uma coisa que poucos sabem é que o nome SASP representa bem o que somos...amantes. A SASP não tem verba externa, sendo mantido (servidor, internet, energia, equipamentos, gasolina, ingressos, telefone e muito mais) por nós mesmos. Todos trabalhamos fora do Carnaval como consultores, engenheiros, médicos, professores, tecnologos, sendo o carnaval e a SASP um grande hobby e paixão acima de tudo.
5) Deixe um recado para Colorado e para toda comunidade do samba!
Bem, para mim é muito diferente estar a frente de uma matéria. É diferente porque sempre eu que conto ao público, e desta vez fui contado ao público. Então, agradeço a oportunidade de falar um pouco da minha relação com o carnaval e do trabalho a frente da SASP. Quem quiser curtir um pouco do trabalho que fazemos, basta acessar o site www.sasp.com.br além do face (sasp.sampa) e twitter (@sasp_carnaval). Quem quiser trocar idéias, pode me escrever também para ronny.potolski@sasp.com.br. Te espero lá !
O meu recado para a COlorado é que sigam trilhando este caminho de sucesso e vitória. As vitórias não são trofeus, títulos e conquistas materiais. E sim engajar uma comunidade e fazer com que as pessoas se envolvam de alguma forma no carnaval ou na parte social da agremiação. O resto é mera consequência. Parabéns a comunidade que acreditou, abraçou e espero que continuem sempre juntos. Parabéns a diretoria que teve um sonho e acreditou, e apostou num modelo organizado, com metas e gestão e diria "sério".
Desejo um bom carnaval 2015 para todos em nosso carnaval, e que as pessoas e a agremiação tenha sucesso em mais este desafio.
Obrigado novamente !