Sinopse

Sinopse

Salvador, década de 1940.

A cidade estava no seu ápice cultural, com diversos artistas e manifestações contra as opressões militares em alta naquele momento.

Diversos eram os pontos de manifestações a resistência cultural, mas com certeza, um dos mais fortes era situado próximo ao cais do porto de Salvador.

Ali foi onde um grupo de estivadores fundou o bloco “Comendo Coentro” em 1945. O bloco tinha como grande objetivo brincar o carnaval, mas ao mesmo tempo, mostrar que os estivadores eram pessoas da alta sociedade, e por isso, as vestes do bloco eram sempre terno, gravata e sapatos alinhados.

Porém, com a grande greve dos estivadores no fim de 47, o bloco não foi possível de desfilar no carnaval. Foi então que em 1949, Durval Marques, o famoso Vavá Madeira, resolveu dar a ideia de que eles desfilassem apenas com panos brancos enrolados ao corpo, para simbolizar a paz. E foi dada a ideia de uma homenagem ao grande mensageiro da paz naquela época, Mahatma Gandhi.

Ali no cais do porto, existiam muitos terreiros de candomblé, e foi dada a ideia de chamarem os Ogãs do terreiro para que fosse feita a bateria do bloco naquele ano.

Estava fundado então, aos pés de Yemanja, no cais do porto, Os Filhos de Gandhy. E em 1951, o bloco recebe o título de afoxé! O mais antigo e maior afoxé do Brasil!

A influência do candomblé se torna cada vez mais forte no passar dos anos, e então, por uma ordem do destino e através dos pais de santo, são escolhidas as cores oficiais do bloco.

O branco, cor predominante, é baseada em Oxalá. O Deus maior do panteão dos orixás, com seu Opaxorô é símbolo da paz maior. Grande padroeiro do afoxé, simboliza também os preceitos de Gandhi. E traz a pomba branca para o símbolo do afoxé até os dias de hoje, que se associa ao camelo, símbolo da sabedoria de Mahatma.

O azul vem de Ogum. O santo protetor do bloco. Ogum que tem sua espada como sua arma, é o Deus da força e da coragem. Traz o elefante como símbolo da sua força e da sua coragem. Símbolo este que está marcado na marca oficial dos Filhos de Gandhy até hoje.

Mas no fim da década de 1960, o bloco vinha com uma grande crise financeira. É então que Ápio Patrocinio, mais conhecido como Camafeu de Oxossi, assume a presidência e reergue através das ajudas espirituais e financeiras do governo a tradição dos filhos de Gandhy. Camafeu até hoje é lembrado por aquele que trouxe de volta o bloco, mas também que deu as diretrizes espirituais.

Como promessa pela nova chance do afoxé, Camafeu promete que em todas as lavagens do Bonfim desde aquele dia, terão a presença dos filhos. E claro, com a sua grande vertente ao sincretismo, o santo que é símbolo da paz, faz seu sincretismo com Oxalá, símbolo do bloco.

E por fim, Santa Luzia é posta como padroeira maior do bloco pelo lado católico.

Camafeu também conseguiu a aproximação grande de Gilberto Gil, outro grande expoente dessa época de reviver o bloco. Ele que é considerado um padrinho do afoxé, compôs uma das músicas mais conhecidas de exaltação, que chama todos os orixás para descer pra ver o nosso bloco passar! E isso é exatamente o afoxé Filhos de Gandhy! Um grande panteão dos orixás! Um panteão da fé.

E desde então, o bloco só cresceu e coloriu as ruas de Salvador durante os carnavais.

E não tem como falar dos Filhos de Gandhy e não falar de carnaval!

O carnaval de Salvador vem de origens muito antigas, mas sempre com as mesmas raízes. Que vem da mistura da ancestralidade africana trazida pelas suas origens, com seus tambores, com o swing, o semba e o axé, que se juntaram pra formar o gênero do axé music, o mais conhecido e popular ritmo baiano!

E a cada carnaval, muitos artistas como Gilberto Gil, Caetano Veloso, Clara Nunes, Jorge Bem, Jorge Aragão e muitos outros exaltaram os filhos de Gandhy e a sua importância para essa cultura tão vasta como o carnaval!

E o mar azul e branco, reflorescerá a cada carnaval.

A paz de Mahatma Gandhi e Oxalá renascerá em cada domingo todos os anos

Axé.

Namastê

Filhos de Gandhy. 


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